Corpo de Bombeiros Militar do DF é um dos mais bem equipados do país

Um dos principais trabalhos da corporação é o combate às queimadas, que acontecem também no período chuvoso

 por André Ribbeiro, Oda Paula Fernandes e Victor Monteiro

Proteção Ambiental CBMDF

Passada a época de seca no Distrito Federal, a cidade ainda sofre com incêndios. A seca e a ação humana não são os únicos problemas dos bombeiros que trabalham no 4ª Grupamento, situado na Asa Norte. A especialidade destes profissionais é o combate a incêndios florestais. O Corpo de Bombeiros do DF é um dos mais bem equipados e organizados do Brasil. Perde somente para o de São Paulo.

Para o sargento Edinelson, a maioria dos incêndios é provocada pela ação humana. “Uma perigosa conseqüência deste tipo de ação é a possibilidade de alastramento das chamas, fazendo com que a intervenção do corpo de bombeiros seja necessária”, explica o sargento. Ainda de acordo com ele, o fogo que se alastra e alcança mais áreas do que o previsto pode ser caracterizado como incêndio criminoso. “Existem sim incêndios criminosos, mas a maioria acontece pela falta de informação dos moradores, principalmente em áreas rurais”, afirma. É que nestes locais, as pessoas costumam usar a queimada para limpar o terreno e prepara-lo para a plantação.

Até mesmo o período chuvoso pode contribuir para o surgimento de novos focos de incêndios. Chuvas, como as que aconteceram no início de novembro, geram raios que podem atingir árvores e dar início a grandes queimadas. Há duas semanas um incêndio de proporção assustadora consumiu cerca de seis quilômetros de mata, na extensão do Parque Nacional Águas Emendadas, DF. De acordo com o cabo Pierre, a causa pode ter sido combustão espontânea – provocada por raios. Cerca de cem homens do CBM trabalharam dia e noite no combate às chamas, que duraram uma semana. Está sendo feita uma perícia no parque para identificar as reais causas do incêndio.

No combate às queimadas, o Corpo de Bombeiros utiliza diversos equipamentos exclusivos ou adaptados para apagar as chamas. Os militares passam por intensivo treinamento, que oferece mais segurança ao profissional e também usam Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Os abafadores – feitos de cabo longo de madeira, lona e borracha pneumática – são usados para apagar focos e chamas menores, de até um metro de altura. As chamas maiores, mais altas, que oferecem risco ao bombeiro, exigem equipamento especial, como a mochila de água. Cada mochila armazena até vinte litros que são distribuídos de modo a simular a ação da chuva. Em casos extremos, como foi a do Parque, se faz necessário o uso de equipamentos como mangueiras e até o auxílio de aviões ou helicópteros que transportam água.

Além desses equipamentos outras ferramentas como facão, motosserra, cortador, rastelo, bomba d’água, picareta, enxada e macloud – ferramenta americana que imita um rastelo, onde de um lado é rastelo e de outro é enxada, são usados no combate ao fogo. Quando nenhum desses equipamentos é eficaz no combate às chamas, o comandante da operação decide quanto de área deve ser sacrificada para combater uma área específica do incêndio e evitar maiores perdas. Então usa-se a técnica que eles chamam de “fogo contra fogo”. “É uma técnica arriscada, mas entre perder tudo e perder parte, é melhor perder parte”, afirma o coronel do Corpo de Bombeiros de Proteção Ambiental, Albuquerque.

A técnica é aplicada da seguinte maneira: em um tanque de aço inoxidável se faz uma mistura de uma parte de gasolina para duas de óleo diesel. O combustível usado para provocar as chamas, fazendo com que não avancem. “Todos no batalhão sabem manusear esse equipamento. São treinados e preparados para combater o fogo com o próprio fogo, mas só usamos em último caso. Esse é um dos últimos recursos”, explica o coronel.

O Coronel Albuquerque afirma ainda que a Brigada de Incêndio do Brasil é uma das mais bem preparadas e eficientes do mundo. “Diferencia apenas dos norte-americanos que são mais ousados no sentido de fazerem salvamentos e combates mais arriscados, como entrar num prédio completamente em chamas para poder salvar quem estiver lá dentro”, conta Albuquerque.

Educação

O trabalho dos bombeiros da Brigada de Incêndios não se restringe aos campos e parques. A partir desta semana já foi dada a largada à campanha de conscientização para crianças e adolescentes das escolas da Rede Pública de Ensino do DF. A meta do corpo de bombeiros é atender todas as escolas do DF até a próxima temporada de seca de 2013. “Damos aulas e informações de como queimar pasto e áreas rurais. São aulas direcionadas para todo público interessado em manusear com mais segurança a técnica de queimadas para limpeza de lotes e terrenos em qualquer lugar do DF”, acrescenta.

Slideshow – Proteção Ambiental CBMDF

A tecnologia e computadores em favor do Meio Ambiente

Desmatamento e degradação florestal na Amazônia será monitorada por computadores da Google

Google Earth Engine.
Foto: Divulgação google Images

O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) passa a usar a tecnologia da Google, a Google Earth Engine. Em ambiente on line, as imagens do desmatamento e degradação florestal da Amazônia serão processadas e enviadas ao Imazon por meio do programa que foi batizado de SAD-EE. Essa nova plataforma vai disponibilizar imagens de satélite, edição de mapas digitais e validação do mapeamento que rodam as nuvens de computadores da Google.

O processamento de análise e divulgação dos dados será feito em menos tempo, considerando a antiga ferramenta que a Imazon utilizava, o SAD. A expectativa é que a agilidade na divulgação das informações seja de 50%. No futuro, esses dados serão divulgados em outros países, e ainda, será possível a detecção do desmatamento em áreas além das fronteiras da Amazônia em terras Brasileiras, com proporções global.

Entre agosto de 2010 e julho de 2011 uma redução de 36% do total de desmatamento foi detectada pelo Sistema de Alarme e Desmatamento. A área está calculada em 1.628 quilômetros quadrados. Mesmo com a redução, os índices são preocupantes. Segundo os dados divulgados pelo SAD em julho de 2012, o desmatamento na Amazônia Legal foi de 139,5 quilômetros quadrados. O que representa aumento de 50% em relação a julho do ano passado, quando a área desmatado foi 93,5 quilômetros quadrados. As áreas mais atingidas pela ação do homem foram próximas a rodovia Cuiabá-Santarém, na BR-163, e regiões das Unidades de Conservação (UC), onde o tamanho foi alterado pelo governo.

Mapa Desmatamento Amazônia Legal – SAD julho de 2011
Fonte: Imazon

O estado do Pará que está no topo ranking de desmatamento e degradação florestal apresenta o índice de 83%, em relação ao total do Período. Em seguida aparece Mato Grosso com 10%. Nas Unidades de Conservação, a Floresta Nacional de Altamira-PA aparece o dado preocupante de 25 quilômetros quadrados desmatados e ocupa o topo do ranking das UCs. Criada em 2006 para conter o desmatamento no entorno da BR-163, a Flona de Jamanxin, que sofre com problemas fundiários, aparece em segundo lugar, com 11 quilômetros quadrados.

Todos os dados fornecidos pelo Imazon são medidos de forma independente e diferente da utilizada pelo governo, com dados do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). Ambos tentam quantificar mensalmente a tendência de desmatamento.